Impressões do antes (ou, eu irei, ele irá...eles irão). No princípio era o verbo, a verba, e depois o destino. Para além de assumir a tradução portuguesa homónima do verbo propício à viagem, quando o Irão se torna destino e não verbo conjugado no futuro do indicativo, é pelo fascínio que ele provoca que se decide roer caminho até lá! Por ser um país embriagado em costumes alimentados pela sua língua - o farsi, pela sua história, por aquela religião - o Zoroastrismo, pelo seu povo, e até pela sua polícia, a dos costumes. Durante trinta dias vestimos essa cultura com vontade de saber o que é ter aquela visão, esta audição, muito paladar, algum tato e um olfato persa, no masculino e no feminino. Fazemos as malas do estrito necessário, dobrando a novidade e o inesperado para deixar espaço para o que trouxermos de lá.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

De olho nos Mullahs


A primeira vez que se avista um mullah é um momento verdadeiramente precioso. A primeira conversa torna-se, portanto, um feito para relembrar. Quando se avistam ao longe, pára-se e contempla-se o senhor como se tratasse de um monumento nacional. São de facto figuras carismáticas, verdadeiros cartões de visita de do país, de carne e osso.

Mollahs, muhllah, mulla ou mollâ, seja qual for a sua forma ortográfica, é de origem árabe mawla e significa mestre ou guardião. Designa os eruditos religiosos. Os mullahs dedicam-se a estudar teologia e a lei islâmica baseadas no Corão. Entre outras funções, desempenham o treino do muezzin (a pessoa encarregada do chamamento das orações do alto dos minaretes), a prática de sermões religiosos e a lide de cerimónias religiosas como os rituais de nascimento e os funerais. Podem também assegurar a continuidade e praticarem o ensino em escolas para mullahs (madrasahs).

Reconhecem-se pelas vestes. A religião e o traje são dois elementos, maior parte das vezes pouco indissociáveis. No Irão, um mullah veste-se com uma capa e um turbante (dulband em persa). Este último elemento é preto e permite identificar um mullah descendente da família do profeta Maomé, o branco enrola-se na cabeça de todos os outros. Encontram-se em qualquer parte do país, mas na rua assemelham-se regularmente ao Coelho Branco da Alice no País das Maravilhas, cheios de pressa com passo de quem está atrasado, capa ao vento e olhar fixo no caminho.

No entanto, muitos apreciam que a objectiva esteja virada para eles e alimentam alguma curiosidade em comunicar com gente de fora. Um mullah que encontrámos em Abyaneh não mencionou Cristiano Ronaldo mas falou-nos em Fátima. Separados por mais de sete mil quilómetros impressinou-nos a capacidade de mencionar um lugar santo e devoção português quando há uns meses atrás desconhecíamos os sítios de peregrinação persas.
















5 comentários:

  1. Pedro, mais um excelente trabalho. Adorei. Parabéns. Passe a redundância, a "nossa" Nossa de Fátima, no escatológico persa, será a mesma Fatima do Islão, a filha do profeta Maomé. Advirá desse conceito (de resto, fundamentado) a corrente shi'ita Fatimida. Keep up the good work! Um abraço.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá António, agradeço pelo teu comentário. Sabes que no Irão algumas pessoas ocasionalmente nos referiram que passou na televisão nacional um documentário sobre as aparições em Fátima (Portugal) ao qual ficámos bastante surpreendidos e ao que eles retorquíam que consideravam igualmente bastante sagrado. Mais uma vez obrigado, um abraço!

      Eliminar
  2. Salam,
    Parabéns pelo blog.
    Lindas fotografias.
    Continuem o ótimo trabalho,

    visitem-me também,
    http://denisebomfim.blogspot.com

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Salam Denise joon! Obrigado pelo comentário, já demos uma vista de olhos ao blog, tem imenso conteúdo! Seguiremos com atenção.

      Eliminar
  3. Lindíssimas fotos! Realmente preciosas, uma verdadeira obra de arte!
    Parabéns pelo belíssimo trabalho e por divulgar imagens tão belas do Irã!
    Abraços do Brasil!

    ResponderEliminar