Impressões do antes (ou, eu irei, ele irá...eles irão). No princípio era o verbo, a verba, e depois o destino. Para além de assumir a tradução portuguesa homónima do verbo propício à viagem, quando o Irão se torna destino e não verbo conjugado no futuro do indicativo, é pelo fascínio que ele provoca que se decide roer caminho até lá! Por ser um país embriagado em costumes alimentados pela sua língua - o farsi, pela sua história, por aquela religião - o Zoroastrismo, pelo seu povo, e até pela sua polícia, a dos costumes. Durante trinta dias vestimos essa cultura com vontade de saber o que é ter aquela visão, esta audição, muito paladar, algum tato e um olfato persa, no masculino e no feminino. Fazemos as malas do estrito necessário, dobrando a novidade e o inesperado para deixar espaço para o que trouxermos de lá.

domingo, 21 de outubro de 2012

Hammam-e Sultan Mir Ahmad ou a fantasia de um banho real



No Irão são raros os hammams (banhos públicos) que cumprem ainda a função pela qual foram construídos. Alguns tornaram-se obsoletos, outros converteram-se em casas de chá ou em restaurantes. Hammam-e Sultan Mir Ahmad, em Kashan, não é nem um nem outro mas manteve a sua beleza como monumento histórico.

Após 500 anos de existência, apesar de já não se povoar de persas prontos a serem esfregados com ferocidade ou de se embaciar com águas quentes, deve-se poder contar com os dedos da mão quem consiga ficar indiferente à atmosfera que se respira entre os mosaicos, a cúpula e as fontes que o habitam.



Os arcos são ornamentados em estalactite. Os mosaicos definem-se como moarraq kashi. As paredes são decoradas por pequenos mosaicos colocados juntos de forma a criar uma complexidade decorativa e geometria elegante.

Não há direcção por onde se pouse o olhar que não marque a retina daquela admiração de quem não perceba muito de arquitectura persa, mas saiba apreciar o seu soberbo encanto. Quando o sol fura a cúpula e reflecte a sua luz nas paredes e no chão do hammam cria-se um cenário pronto a respeitar a fantasia oriental que tanto alimentou o nosso imaginário.



Os seus raios iluminam o hammam também através de pequenos vidros duplos circulares dispersos pelas cúpulas mais baixas. Estes eram suficientemente espessos para quem subisse ao topo do hammam não conseguisse ficar estrategicamente de olho nas senhoras iranianas nuas que tomavam banho. Fora a malandrice de espião, subir ao topo é preciso, para apreciar os minaretes e os badgirs (torres de vento ou o ar condicionado à moda antiga) de outra perspectiva.



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