Sou a base em altura da reza e revisto o chão das mesquitas, sou um produto
nacional de renome pelo mundo fora e não há casa iraniana que não me tenha como
decoração. Quem sou?
Omnipresente no quotidiano persa, o tapete é um objecto usado e abusado nas suas variadas funções. É um produto de peso no mercado, admirado pela sua beleza e respeitado pelo seu artesanato de
qualidade. A sua estética é deslumbrante e a mestria de execução cativante.
Durante séculos, a tecelagem persa dependeu de materiais locais, produzidos
por técnicas tradicionais. O ofício de tecelão escolhe como matéria-prima a lã
de ovelha, lã de camelo (especialmente tirada do pescoço por ser mais macia),
lã de cabra, algodão e seda. Todas elas tingidas por corantes naturais. O
vermelho é extraído da planta madder.
O amarelo é mergulhado em açafrão.
A lã e o algodão, materiais resistentes, são usados para fazer carpetes de uso
doméstico, deitadas no chão prontas a serem pisadas. Quanto a seda reserva-se
para um uso decorativo, exposta na parede como aparato de esplendor. Nem todos os tapetes são feitos com lã ou seda exclusivamente, alguns têm uma base de lã
acompanhadas com partes cintilantes, provas da presença da seda. Em casa de uma
família onde fomos recebidos em Teerão, duas carpetes decoravam o chão da sala.
Porém, por conter alguma seda, mantinham-se protegidas por lençóis, tirados
somente ao receberem visitas. O povo iraniano não ignora o valor de um tapete persa,
para quem venha de fora. Por isso, muitos iranianos aconselhavam-nos a poupar
em refeição e estadia, para reservarmos o nosso capital de viagem com intuito
de voltarmos orgulhosos com um tapete made
in Iran na mão.
Existem vários tipos de tapetes. A sua proveniência inclui a produção de
tribos nómadas e de artesãos das cidades. Cada cidade contém o seu padrão identificável
por qualquer olho treinado. Qom, antro de religião produz carpetes com o modelo
do domo de uma mesquita. Na’in é a cidade dos padrões florais. Muitas pessoas orgulham-se
de lutarem contra o fabrico industrial de tapetes e de manterem a tradição da
tecelagem feita à mão e tingida com cores naturais.
Para definir a qualidade de um tapete, vira-se o próprio do avesso. O
valor do tapete atinge uma qualidade superior quando a parte escondida é tão
pormenorizada como a exibida. Por outras palavras, o número de nós por
centímetro quadrado é neste caso proporcional ao valor do tapete. Tapetes soberbos conseguem atingir 169 nós por centímetro quadrado.
Se a arte da tapeçaria não vos palpita nenhum interesse é porque ainda não
lhe dedicaram a devida atenção. Passado algum tempo, coleccionando informação sobre esse rico artesanato, entranha-se um desejo de coleccionismo fervoroso.
Maravilhosa postagem! Viva a tapeçaria persa, uma riqueza estonteante de encantar até o mais exigente dos mortais!
ResponderEliminarAbraços do Brasil
Janaina
Obrigado! É verdade, lindíssima e encantadora..tanto que nunca pensie em trazer nada e lá teve que ser :))
ResponderEliminarabraços!