Impressões do antes (ou, eu irei, ele irá...eles irão). No princípio era o verbo, a verba, e depois o destino. Para além de assumir a tradução portuguesa homónima do verbo propício à viagem, quando o Irão se torna destino e não verbo conjugado no futuro do indicativo, é pelo fascínio que ele provoca que se decide roer caminho até lá! Por ser um país embriagado em costumes alimentados pela sua língua - o farsi, pela sua história, por aquela religião - o Zoroastrismo, pelo seu povo, e até pela sua polícia, a dos costumes. Durante trinta dias vestimos essa cultura com vontade de saber o que é ter aquela visão, esta audição, muito paladar, algum tato e um olfato persa, no masculino e no feminino. Fazemos as malas do estrito necessário, dobrando a novidade e o inesperado para deixar espaço para o que trouxermos de lá.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Artesanato à primeira vista, eterno orgulho persa


Sou a base em altura da reza e revisto o chão das mesquitas, sou um produto nacional de renome pelo mundo fora e não há casa iraniana que não me tenha como decoração. Quem sou?

Omnipresente no quotidiano persa, o tapete é um objecto usado e abusado nas suas variadas funções. É um produto de peso no mercado, admirado pela sua beleza e respeitado pelo seu artesanato de qualidade. A sua estética é deslumbrante e a mestria de execução cativante. 




Durante séculos, a tecelagem persa dependeu de materiais locais, produzidos por técnicas tradicionais. O ofício de tecelão escolhe como matéria-prima a lã de ovelha, lã de camelo (especialmente tirada do pescoço por ser mais macia), lã de cabra, algodão e seda. Todas elas tingidas por corantes naturais. O vermelho é extraído da planta madder. O amarelo é mergulhado em açafrão. 

A lã e o algodão, materiais resistentes, são usados para fazer carpetes de uso doméstico, deitadas no chão prontas a serem pisadas. Quanto a seda reserva-se para um uso decorativo, exposta na parede como aparato de esplendor. Nem todos os tapetes são feitos com lã ou seda exclusivamente, alguns têm uma base de lã acompanhadas com partes cintilantes, provas da presença da seda. Em casa de uma família onde fomos recebidos em Teerão, duas carpetes decoravam o chão da sala. Porém, por conter alguma seda, mantinham-se protegidas por lençóis, tirados somente ao receberem visitas. O povo iraniano não ignora o valor de um tapete persa, para quem venha de fora. Por isso, muitos iranianos aconselhavam-nos a poupar em refeição e estadia, para reservarmos o nosso capital de viagem com intuito de voltarmos orgulhosos com um tapete made in Iran na mão. 


Existem vários tipos de tapetes. A sua proveniência inclui a produção de tribos nómadas e de artesãos das cidades. Cada cidade contém o seu padrão identificável por qualquer olho treinado. Qom, antro de religião produz carpetes com o modelo do domo de uma mesquita. Na’in é a cidade dos padrões florais. Muitas pessoas orgulham-se de lutarem contra o fabrico industrial de tapetes e de manterem a tradição da tecelagem feita à mão e tingida com cores naturais.



Para definir a qualidade de um tapete, vira-se o próprio do avesso. O valor do tapete atinge uma qualidade superior quando a parte escondida é tão pormenorizada como a exibida. Por outras palavras, o número de nós por centímetro quadrado é neste caso proporcional ao valor do tapete. Tapetes soberbos conseguem atingir 169 nós por centímetro quadrado.




Se a arte da tapeçaria não vos palpita nenhum interesse é porque ainda não lhe dedicaram a devida atenção. Passado algum tempo, coleccionando informação sobre esse rico artesanato, entranha-se um desejo de coleccionismo fervoroso.




2 comentários:

  1. Maravilhosa postagem! Viva a tapeçaria persa, uma riqueza estonteante de encantar até o mais exigente dos mortais!
    Abraços do Brasil
    Janaina

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  2. Obrigado! É verdade, lindíssima e encantadora..tanto que nunca pensie em trazer nada e lá teve que ser :))

    abraços!

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